Praça da Catedral, Centro, Mossoró -RN |
Amiga querida,
Sou muito grata por a vida ter proporcionado esse encontro espiritual. Tenho tanto carinho por você que toda vez que vou lembrar um exemplo de pessoa dedicada, estudiosa e vencedora, remeto-me a você. Fico imaginando seus passos, hoje como profissional de destaque. E lembro dos nossos, ainda tão meninas, correndo só de calcinha, pelas ruas de Mossoró. Você me defendendo de comentários chulos de meninos que não entendiam meu corte de cabelo, não sabiam identificar se eu era um homem ou mulher. E você estava sempre lá para me defender: "Não está vendo, seu cego, ela é mulher, repare os brincos!" Obrigada, minha amiga, para nossa idade, oito anos, essa foi a resposta mais sensata e inesquecível.
Como não falar de amor em instantes como esses. Tudo que passamos juntas. Eu vivia em sua casa. Adorava ir lá à tarde, desfrutar de algumas horas ao seu lado e ao lado de Helene, uma fofa também, e juntas, nós três, feito três irmãs, dançávamos músicas da Xuxa, comíamos banana com farinha láctea, colecionávamos papel de carta, criávamos peças de teatro para encenarmos na escola. Veja o que você fez comigo, influenciou-me na profissão, tornei-me atriz e agora jornalista...Viviámos a infância de verdade. Nós éramos felizes e sabíamos.
Também recordo de, por amar tanto você e Helene, comprei uma vez uma saída de banho igual a de vocês. Um vestido também. O meu era amarelo. Acho que lá no fundo, queria que pensassem que éramos irmãs, nós três. Ah, e um adendo, também recordo de ouvir o disco de sua mãe, Dona Fátima, de ABBA. Conheci o grupo através das investidas dela e de Seu Hélio nos fins de semana para que também ouvíssemos. E ouvi mesmo. E fixei e cá estou, fã de ABBA.
Quando eu disse que ia embora de Mossoró. Que iria voltar para Maceió, você não quis se despedir de mim. Mas o destino fez a gente se encontrar na calçada lá de casa. Você não queria nem me olhar e abriu o berreiro. Chorava que soluçava. Que dor, minha amiga, ter que lhe deixar... Ter que deixar pra trás aquele passado mágico e passar a enfrentar as dores da maturidade a bater nossas portas... Ali, ficava minha infância e parte da adolescência. Intocáveis! Porque, na minha cabeça, esses instantes foram eternizados. E com a chegada do meu filho... José é um fio que me conduz sempre de volta a esse passado de conto de fadas, minha vida em Mossoró ao lado de minha super amiga Helô.
Você é meu tesouro! E ninguém pode roubar isso de mim. Vai comigo por toda minha vida, por outras vidas.
Parabéns, Heloíse de Fátima Ferreira Araújo, minha primeira amiga.
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