segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Melancolia

Achei o filme estranho. Monótono,angustiante e que me frustrou, porque Melancolia era um planeta. Como assim?

Veja crítica:
A história é simples. O fim do mundo está chegando por conta de um planeta desgarrado que vem em direção à Terra, batizado levianamente de “Melancolia”. Ao contrário do que faz a maioria dos filmes, que observa a reação da população do planeta em geral, Trier nos leva a uma propriedade privada de um homem absurdamente rico chamado John (Kiefer Sutherland), que não acredita na possibilidade do fim do mundo, preferindo supor que o tal choque não ocorrerá e que Melancolia fará apenas uma breve passagem ao lado da Terra.


Ele é casado com Claire (a excelente Charlotte Gainsbourg) – ela sim apavorada com a possibilidade de encarar o fim de toda a existência – e promove o casamento milionário da irmã de sua esposa, Justine (Kirsten Dunst na melhor atuação de sua carreira – a Palma de Ouro em Cannes foi mesmo merecida).

Mantendo uma das marcas registradas do diretor, o filme é dividido em duas partes, uma para cada irmã; a primeira centrada no drama do casamento de Justine, seus problemas familiares e demônios interiores; as inconsistências típicas dos seres humanos, a luta contra uma depressão aguda cuja causa nunca fica absolutamente clara. É ela que protagoniza os melhores momentos do filme, ao ponto de você imaginar que o universo de melancolia que há dentro da moça, linda, inteligente, bem sucedida, com um homem que a ama e milhares de motivos para sorrir a despeito das dificuldades, é maior que o próprio Melancolia, e tão capaz de destruir o mundo quanto ele.
A segunda metade é centrada em Claire e na descoberta que o fim realmente chegou. É quando o filme perde um pouco de sua força e poderia ser abreviado. Nada que tire, de fato, sua beleza e, na verdade, qualquer defeito que a película tenha é deixado de lado por conta da apoteose. A cena final, que você já sabe qual será desde o começo, surpreende e choca; é um cataclisma que deixa um silêncio petrificante na sala de cinema após o término da projeção, e uma sensação incômoda no espectador. No final, ficamos em dúvida se o fim do mundo físico é tão melancólico quanto o fim do mundo emocional dos personagens, atirados todos em um abismo negro que nos leva a questionar nossa própria existência e nossos supostos problemas, mas também nos faz louvar a vida, questionar o fim e a validade do próprio universo.
É um filme sério e triste, com um poderoso trio central e um elenco de apoio com nomes como John Hurt e Stellan Skarsgård, todos eles em grandes momentos, concebido por um diretor claramente diferente e deslocado no mundo, talvez tanto quanto sua personagem principal. Mas, em minha opinião, a despeito das dúvidas que ele próprio tem de sua obra, Trier entrou nos eixos e entregou seu filme mais bonito até o momento.


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