O meu filho José agora dorme. Enquanto dorme, penso. Penso no que ele me proporciona de felicidade. Nos sorrisos que surgem espontaneamente graças a sua graça de viver mais espontânea ainda. Graças às descobertas e ao fascínio por essas descobertas. Por me dizer de forma solta e leve: ‘Mamãe, você é minha vida’. Por transmitir sempre a necessidade de estar perto de mim. Por, a me ver angustiada, acreditar que tudo vai ficar bem. Por me abraçar nos momentos de dor. Por me fazer acreditar que sou uma boa mãe. Por desenhar algo que lembra um coração e falar que moro lá dentro. Por olhar com dengo, pedindo uma comidinha feita pela mama. Por dizer-me: ‘Bom dia, mamãe. Vamos tomar um cafezinho’. Assim que acorda, ouço essa frase, que parece novidade, a cada manhã. E há sim uma nova entonação. É claro que ele não toma café, é quando quer tratar de café da manhã. Por cantar músicas infantis como O Sapo Cururu para chamar minha atenção. Por sugerir que eu assista aos filmes de Almodóvar com ele, só para que ele fique em sintonia com meu gênero cultural (Claro que ele não assiste. Troco por Balão Mágico). Por ser um menino gentil, educado, apesar de não ser cercado por familiares e ser criado apenas por mim, sua mãezinha querida. Por rezar ajoelhado diante de um terço pendurado na maçaneta da porta, sem saber o que pedir, só repetindo o ato religioso, apenas reproduzindo a devoção em respeito ao ‘Papai do Céu’. Por gostar de ler do jeitinho que encontra para recontar as histórias e por ser um bom aluno, sempre empolgado com a doçura da tia Nair. Por achar que a mamãe bate um bolão, jogando futebol com ele, no corredor da casa. Por mesmo machucado não se torturar e já adiantar: ‘Vai passar’. Por ser, dessa maneira, o meu norte, minha plenitude, minha vontade de ser cada vez mais feliz. Por ele, por meu filho José.
José, na Paraíba |
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